Não se muda a alma
( à Miriam, pela esperança)
Por ande andam meus sonhos? Fechados em um bau de chumbo no
fundo do oceano de minhas angustias?
Naqueles tempos felizes da escola de belas artes, eles pulsavam
na expectativa de desaguar em realidade. Mas aos poucos foram sendo contidos. Começaram a sobreviver
no pequeno espaço de algumas horas concedidas a criação. E ainda tinham esperança.
Mas esse espaço foi diminuindo, algumas horas, alguns dias, esporadicamente
respirar.
Então alguma coisa morreu dentro de mim. Os sonhos alimentavam
angustias nas noites insones. Lembranças e alguma esperança a debater-se.
Li no blog da Carolina Vila Nova (https://www.carolinavilanova.com.br/a-dificil-arte-de-ser-artista/),
um texto que me impressionou profundamente e provocou
essa minha reflexão. A Carolina inicia o texto com a frase “As pessoas sempre mencionam o
quanto é difícil ser artista. Mas ninguém imagina o quanto é difícil para o
artista, não ser artista”. Uma frase como um copo de água gelada jogada no
rosto.
E ainda ao final do texto, uma outra frase que me faz acelerar o coração
com uma descarga de adrenalina: “Se o artista não puder ser artista, ao menos
por dentro, morre em vida”.
Assim me dei conta, de que em algum momento meus sonhos
morreram, e eu com eles.
Já contei algumas vezes, a história impressionante de um
encontro com um desconhecido em casa de amigos. Na casa, acontecia uma reunião espiritual, da
qual não participei, e em dado momento um dos participantes, dirigiu-se ao
local onde eu me encontrava, em outro recinto da casa, segurou-me nos ombros e
disse: “Não faça isso! Por que você faz isso? Você é um artista, não abandone a
sua arte!”. Foi a única vez em toda a minha vida que encontrei essa pessoa. Fiquei
bastante impressionado, mas quem passa a vida buscando atender a expectativas
alheias, simplesmente não vive a própria vida.
Quando você percebe que o tempo passou, e você ficou ao
largo, como expectador, sobrevém a angustia, a depressão. A psique paga por
isso.
O tempo passou, mas ainda tenho o desejo, a vontade de
conseguir ainda um último alento, uma ultima chance de viver meus sonhos. E
gostaria de viver esses sonhos ao lado da mulher que amo e que sei que cujo
amor por mim tem me mantido ainda de pé, pois ela me trouxe esperança e isso
ainda pode me dar um último folego.
Como disse a Carolina, “Não se muda a alma”.
Salvador, 23 de agosto de 2018
Regi
A alma de artista não morre nunca.
ResponderExcluirIsso mesmo meu amor , vá em busca dos seus sonhos.
ExcluirE eu estarei do seu lado, vendo esses sonhos sendo realizados e fico feliz em poder partipar deles.
Te amo