Vozes Guardadas - Elisa Lucinda
Esta semana ao visitar uma livraria, deparei-me com a maravilhosa poesia de Elisa Lucinda, compilada num volume imperdível. Não posso dizer que me surpreendeu, pois já sabia da escrita maravilhosa da Elisa, mas fiquei simplesmente deslumbrado, com tanta poesia maravilhosa que sai desta alma!
Separei este poema para colocar hoje no blog. Não por elege-lo como o melhor ou algo assim, mas todo poema toca cada alma de forma diferente, e este tocou a minha alma de uma forma mais intensa.
Peço licença a Elisa para reproduzi-lo exatamente como li.
A COISA
Preciso ir onde está a lua.
Se ficar em casa vou fazer besteira.
As mídias estão à mão.
Posso tudo, há tantos modos de te acessar
que temo a mim mesmo.
Estará tudo vigiado?
Todas as fronteiras, espaços aéreos e marítimos?
Tudo controlado? Todos os atalhos?
Os detalhes, as beiras líricas dos precipícios?
Não sei. Quero calar o meu hospício.
Se ficar em casa vou acabar fazendo asneira.
Posso telefonar, camicase, suicida,
homem-bomba explodindo tudo, o inconsequente.
Posso não resistir essa noite à fúria da saudade
Posso querer gritar seu nome agora pela cidade
para alem das vergonhas, acima da vaidade.
Gritar seu nome alto, bem alto,
a essa hora da noite para toda a rua.
Capetas me testam.
Preciso ir onde está a lua.
Elisa Lucinda
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