Vida
Minha querida amiga Célia me enviou um áudio gravado pelo pe. Fábio de Melo. Eu já o tinha ouvido em outra ocasião, mas decidi escuta-lo outra vez, tocado talvez pelo fato de ter me sido enviado por uma pessoa muito querida.
A vida é mesmo um mistério, às vezes somos arrancados de um impasse porque o divino que habita um amigo providencia uma mensagem precisa, para aquele momento preciso! O texto é inocente e relativamente simplório e a mote deste é uma canção do Peninha – Casinha Branca. Em cima desta canção o padre desenvolve o texto que versa sobre uma posição de “mais ou menos” diante da vida. Muita gente já deve ter ouvido esse áudio que circula nas redes sociais, para quem não ouviu, ele fala de gente mais ou menos, aquele que responde à pergunta de como vai, com um “mais ou menos”, ama mais ou menos, tem amigos mais ou menos, é um profissional mais ou menos, um pai mais ou menos e por aí vai.
Apesar da simplicidade daquele texto, me serviu para despertar atenção para o quão podemos, em determinado momento de nossas vidas, perder o foco sobre todo o significado e vivência, nos concentrando em uma pequena fração de tempo, normalmente um fragmento da vida com forte dominante emocional e pouca racionalidade. Acabamos por nos tornar infelizes, nos vermos como sujeitos “mais ou menos”, quando esta é uma visão completamente falsa! Mas quanto sofrimento pode causar!
O que é trágico é que muitas pessoas acabam por terminar suas vidas de maneira infeliz, presos a esta distorção da realidade. A tristeza por estar sozinho em determinado momento, não é necessariamente o resultado de uma vida solitária. Uma vida de amores, emoções, derrotas e vitórias não se consome em um turbilhão daquele momento infeliz.
Olho para mim próprio, cheguei a me achar um sujeito derrotado, que nada tinha valido a pena. Que erro grosseiro de avaliação! Não juntei dinheiro, mas o quanto eu ganhei! Muito! Assumo que essa foi uma opção de vida, a minha. Desisti de acumular bens materiais, e viver com intensidade!
Tive uma vida estudantil plena, refundei o Diretório Central dos Estudantes, na época fechado pela ditadura militar, fui presidente do diretório acadêmico de Belas Artes, fui membro do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), fui ator de teatro, estudei Artes Plásticas e Informática, me profissionalizei em TI e amo o que faço. Tenho tido uma vida profissional sem queixas, sempre fui amado e bem recebido por todos os colegas com quem lidei, tenho projetos bem sucedidos em ambos os hemisférios do Atlântico.
Casei, amei intensamente, dei muito amor aos meus filhos, e tenho hoje imenso orgulho deles, que estão muito longe de serem pessoas mais ou menos. Me separei, mudamos a nossa forma de amor e continuamos a nos amar imensamente. E não perdi o romantismo, sempre disposto a amar muito, ultimamente recebi muito amor, também dei sempre sem medidas ou cautelas. As vezes machuca, mas sempre vale a pena.
Nunca amei “mais ou menos”, sempre fui intenso, com meus amigos, com as mulheres que porventura estiveram algum tempo em minha vida, nem aos meus filhos, e já agora, nem aos meus netos. Então não posso fazer diferente em relação à vida.
Vou deixar uma pergunta para vocês; Como eu não tenho casa, não tenho dinheiro, nem tenho carro, então não tenho nada?
Vou deixar também um pedido, quando a minha vida findar (infelizmente é inevitável), coloquem no meu epitáfio “Não guardou nada, viveu! ”
Regi
O texto denota uma pessoa que vive e viveu profundamente tudo que fez e faz, que nunca ficará assim: "porque aos poucos a gente vai se acostumando a ser mais ou menos porque a preguiça de ser mais ou menos toma conta de nós" Tudo que fez e viveu foi profundo e com muito amor, teve e tem todas as oportunidade,tens um histórico profissional rico culturalmente.
ResponderExcluirSe não tens os bens que para muitos é essencial que para vc não é, pode amanhã ser e dai ? Ou Não ser.